As duas faces de uma...conversa
Há um termo filosófico que explica as duas faces de uma conversa. O termo é implicatura conversacional.
O que é que isto quer dizer?
Quem não se lembra da célebre discussão entre A. Cristas e A. Costa, quando ele se irritou e lhe perguntou se determinada afirmação tinha a ver com a côr da sua pele? Claro que Cristas se mostrou muito ofendida, quando na realidade era precisamente aquilo que ela quis dizer. A implicatura conversacional permite a uma pessoa dizer que não disse aquilo que disse.
Isto explica a habilidade que os políticos têm para dizer uma coisa e o seu contrário. Por exemplo, um político diz que a “seu tempo” ou no “tempo próprio” , tomará determinada medida. Se um dia for questionado sobre a medida que não tomou, argumentará que nunca disse que ia fazer tal coisa em determinado espaço de tempo. Outra forma de utilização da implicatura conversacional é a de desvalorizar uma pessoa, parecendo que se está a valorizar. Por exemplo, se dissermos a alguém que fulano de tal é inteligente, essa pessoa, ou por inveja,(quase sempre), ou por não gostar do outro que estamos a valorizar, dirá: - sim, esse tipo fala bem! O que na realidade não diz que o outro é inteligente. Mas se esse que diz que o outro fala bem, for confrontado com a frase, dirá que nunca quis dizer que o outro não era inteligente.
Este termo,a implicatura conversacional, serve para descodificar certo tipo de linguagem que os mais distraídos não conseguem atingir.
***Baseado no livro - Como se faz um Filósofo – de Colin Mcginn