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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

As flores encantadas

Vagueio rodeando a periferia dos sentidos

Projeto uma sombra inútil

Nego-me a dizer que a verdade é uma conquista

Ou algo que uma ave papagueia

Não há fórmulas para vestir um corpo nu

Nem prazeres que o coração não sinta

Cada silêncio tem a sua pureza

A sua verdade...o seu ângulo

Cada paixão tem sempre uma porta

Um absoluto...uma conquista

Cada realidade é uma enorme incerteza

Uma negação...uma tenaz

Uma tenaz que nos leva a mover o corpo

Em direcção ao sentir...

 

Privados...

Somos corpos privados de nós

Mas de coração aberto

E crivado de dores

Intimamente cheiramos a sal

Salgados...somos salgados e irreais

Sensíveis...também

Mas de uma sensibilidade

Que não pára de perguntar

Se a pureza é crua

Se faz mal aos olhos

Se é uma nesga nas nossas rugas...

 

Os cheiros entram-nos pelas vidraças

Nas noites brancas...

A vigília torna os suspiros raros

Como se nos despíssemos da solidão

O sol levanta-nos de acordo com a sua lei.

E nós encosta-mo-nos às paredes

Para equilibrar o corpo

Para não fazer sombra

E como marginais

Pisamos as flores encantadas

Que sempre nos esperaram nos jardins...

 

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