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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Inventamos cabelos soltos e ventos alísios

Nada nos falta. Nem a certeza de que a um dia se seguirá outro dia. Nem a certeza de que em todas as aparências há uma falsidade. Nem a falsidade de que em todas as aparências há uma vida. Tudo vem e tudo segue o seu caminho. Tudo pode ser. Mas tudo não pode ser ao mesmo tempo. Há pedaços de vida em todos os enganos e em todos os desenganos. E temos a certeza de que um dia o nosso corpo seco já não nos serve. Sabemos que seremos o pugilista caído no ringue. E sabemos que todos os dias somos ensinados a esperar. A esculpir a nossa desesperança. A amansar a agonia...como quem quer vencer uma luta desigual. Como quem quer segurar um destino continuamente lhe escorre por entre os dias.

 

Cravamos as unhas na carne da nossa idade. Andamos intranquilos. Inventamos  necessidades e achamos que temos mesmo que possuir tudo o que é desnecessário. Inventamos cabelos soltos e ventos alísios. Achamos que as verdades crescem nas insónias. E que de noite se inventam as raízes dos sonhos. O mundo é abstrato. As coisas são abstratas. E nós somos amáveis gatos estupidamente sentados à chuva.

 

Nada nos falta. Nem as esperas nem as viagens. O mundo é uma rota. Uma frase. Uma circunstância. Acordamos no preciso momento em que adormecemos. Porque acordamos para essa dor que temos que adormecer. Temos dores de cabeça e teorias de casinos. Temos pianos e poesias e molhamos os pés em praias de areias movediças. Deixamos a nossa marca nas clarabóias das ruas. Embarcamos em espessos navios. Esperando sempre que no fim da viagem alguém nos espere. E nos embale com uma música que nos faça chegar... as lágrimas aos olhos.

 

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