As raízes do mundo.
O trágico veludo do destino
Canta no corpo de um pássaro
Na plenitude da luz..
O inverno não passa de uma intenção
Reluzindo em plena paisagem
Como uma alegórica festa incandescente.
Penetram fogachos de árvores pela janela
As feridas vibram numa alegria infantil
O tempo desintegra-se nessa manhã alada.
Que areal é esse onde os olhos
Se encontram com a espessura do mar
E os cais se somem nos barcos aflitos
Perdidos na auréola da infância?
Mágico retorno a um tempo que ferve no sal do mar
Mágica alma coroada pelo disfarce das luzes
Suco de radiação lunar
Lamparina fechada ao ruído das palavras
Destroço de poema escondido
No mergulho de um corvo marinho.
Abrem-se os sentidos ao mundo
Florescem pedras na sua própria dimensão
Nostálgicos voos de espinhos
Carne e alma atiradas ao vácuo
Palpitante céu a desabar
Sobre as raízes do mundo.