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folhasdeluar

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Assombro

Magnética vida. Impossível procura do mistério. Estrada febril. Cais de sombras. Uma vida faz-se de tudo. Uma vida arde num candelabro de velas. E o altar de nós plantado no vazio. Entramos nessa incerta porta. Ascendemos ao nosso jardim. É o nosso dia do passado. O nosso dia do futuro. O nosso dia sem passado nem futuro. Anel de luz a despertar na linguagem da alma. Somos a folha verde e a pétala destoada. A coluna de fumo branco e o adeus. Acontecemos. Seremos. Céu de chumbo e espiral de fogo. E o amor....é o nosso eco. E a primeira pergunta. E a primeira consciência de um grito. E a magnitude da inocência. Sonora gargalhada. Palrar de nuvem. Ar fresco a bater nas faces. De onde vem o nosso princípio? De onde vem o princípio do principio de tudo? É difícil explicar mais do que sentir. É difícil perceber o significado estéril do homem. Homem condensado em nada. Coalhado na imensidão de si. Coerente. Incoerente. Deserto. Sublime estalactite do seu reino subterrâneo. Dilatada fracção de tempo austero. Homem sem limites. Medula de montanha. Homem-palavra. Sublimação de nadas. Construído na opressiva regra de ser. Milagre. Mármore. Cuja finalidade é ver passar as horas. Assistir a crepúsculos.Evocar razões. A pegar nos sedimentos do seu entardecer. Carregá-los com pesados orgulhos. E penetrar na impenetrável melancolia. De uma náusea. De uma indiferença. De uma necessidade. De um medo. E de um assombro.

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