Bebi o fel do mundo
Naquele dia cantei como se fosse apenas mais um dia
Sequei rios...bebi o fel do mundo
Cantei como se acendesse
As páginas atlânticas dos meus punhos
Como se erguesse um código
Onde a memória tropeça...boquiaberta
Cidade ou cegueira..pensar
Porque o tempo é o ofício da memória
E o chamamento do mar
Enche-nos o corpo de falésias escarpadas
Arder...dentro de uma promessa
Colher..estrelas do mar...e zarpar
Zarpar dentro de uma ferida de vento
Conjugar a arte de marear
Clamar pelo regresso dos incertos
Crescer dentro de um espírito
Que arde na alva clave de sol
Tudo vem do tempo das rochas
O dentro e o fora são memórias.
A garra que nos atrai
É o fogo da cegueira a queimar a lua
É a melancolia a lavrar a cidade
É a cigarra ferida pelo fim do verão
É a nau...
Que voga sozinha por entre a multidão.