Bocas lavadas...
Eras tu a rota...a dança...o passo de magia
Eras a resina mastigada das flores
Eras a prece feita de melancolia
Eras o anjo feito por um destino salvador
Na sombra oculta do mar lavado
Ergueram-se soturnas aves assombradas
E o sal luzia no espanto das ondas
E tu corrias pela noite de areia
E eu afundava-me nas pedras que o teu corpo ocultava
Era outro o tempo...era outra a idade
Éramos dois sóis a clarear a orla do dia
Éramos duas imagens de sol a pôr
Com os cabelos nus como crinas cristalinas
E havia um tumulto deslumbrado nas areias
E havia um bailado de moreias
E houve uma primeira noite na orla do voo das águias
E houve no centro de nós uma consciência múltipla
E então erguemo-nos...como bosques nus....
E então poisámos sobre a espuma
E habitámos a planura do vento
Quebrando o espaço...mostrando ao tempo
Que o sonho vem do nevoeiro
E que nas dunas...as flores agoirentas
Ainda suspiram pela fantasia
Das nossas bocas lavadas pela... maresia...