Bóias
Na parte supérflua de mim
Todos os gelos se derretem
Flores ausentam-se no desencanto das paisagens
Enquanto o coração constrói sombras inertes
Sonâmbulas.
Aqui estamos
Como circunferências floridas...doridas
Coladas às plumas dos deuses
Perdidos nas nuvens
Que afloram ao riso das gaivotas.
No alto confundem-se bocas e ventos
Dedos e espuma
Mas o nosso rasto aqui fica
Como um horizonte onde não cabemos
Como algas que se quebram de encontro às memórias
Como vertigens de máscaras libertas de si próprias
Como vazios de universos
Como combates perdidos
Como mortes de espanto
Como bóias que vogam sem destino
Perante a eternidade do ventre das águas.