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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Breves notas musicais

 

A sujidade do tempo rola sobre os poros das palavras

Distantes corredores assombram os passos da paisagem

Nada se distingue na rispidez branca da manhã

O corpo...alimenta-se de frios e de sombras

Pedras despejam iodo sobre a maré vazia

E as portas extinguem-se num lento desmoronar

Rodopiam plátanos..afagam-se veias

O interior dos ossos sacode o cansaço

Mas porquê este vulcão a existir?

Porque está fechada a fome de infância?

E fico-me a comer as fotos desfocadas dos dias

A beber a espuma..a rasgar a pele

E o medo da noite a zumbir num rodopio de andorinhas

E o cansaço a desfalecer com o crepúsculo

E o coração a enxamear a rua

Com incandescências de devassidão

E a longevidade dos fogos

E a lua rente à pele

E o amargo sabor dos receios

Minúsculos torrões de prata cobrem a nossa voz

Descalços passeamos as sílabas

Breves notas musicais aquecem-nos

E tudo se extingue numa sombra inacabada.

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