Breviários# 2 ....final
Breviário XII
Há a noite...um sorriso...um espanto
A floração da luz acompanha os passos da lua cheia
Iluminando as trevas dos pátios sombrios
E os gritos roucos que cintilam nos frontões da alma...
Breviário XIII
Distraídos pensamos que o futuro ficará connosco
E na luz que alumia os nossos medos ...acreditamos nas cartas dos oráculos
Mas o tempo está morto...afogou-se na respiração das horas
É uma formiga-de-asa em delírio...voando para o êxtase do céu.
Breviário XIV
Vejo espelhada no céu o voar das pombas brancas
Asas que nos vêm absorver
Sei que os barcos deslizam ao longo dos canais
Acredito na candura de um céu lívido...
E na rósea aparição do dia que desperta nas brumas dos anjos
A campainha dos desejos insanos.
Breviário XV
Um dia veremos que o tempo é como um berço onde embalámos as nossas esperanças
e que as tardes e manhãs em que acreditávamos...
eram a memória da absoluta astúcia das horas...
mas nessa altura já submersos no desengano...
resta-nos a poesia da dor universal.
Breviário XVI
Por detrás de mim a primavera
O receio do mar já desistiu de se espelhar no alvorecer
Na paisagem apenas ondula um vestido de gaze branca
Silêncio...o teatro vai aturdir os incautos...
Breviário XVI
Guarda as tuas penas no vento...e as tuas alegrias no coração...
Breviário XVII
Não quero a salvação...só quero rasgar o véu que me atafulha a alma....