Cacimba matinal
Dormes...acreditas que no céu se planta a escuridão...nítida escuridão
luz e neve presa num galho de árvore decrépita...salta sobre todas as folhas...rebentos
rebentos que voltarão a ser folhas...bocas que voltarão a ser beijos...dias desfocados
do trigo rebenta a vida..dispersos grãos nas searas...sal dorido...sol cansado...amor
as tuas mãos tocam as minhas pálpebras...ansiosas pálpebras...voltear de andorinhas
continua...espalha a tua mão sobre mim...segura-me...sou o teu rebento...
sou a planta que vive na escuridão...sou o teu Outono e os teus dias...os lábios intocados
e tu és o orvalho que vive na luz...a cacimba matinal...a chuva deslizante...
que apanho com as mãos voltadas para o vento...