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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Calado...

 

Vejo o dia a acrescentar-se mim

Como se me forrasse de pássaros

E eu nada mais fosse que um simples fruto embrulhado em horas

Todos os dias renasço nas inumeráveis sombras que me cercam

Todos os dias acho que o meu olhar arredonda a chuva que cai na sonolência dos pátios

E vejo...aquele caminho minguado onde as folhas se tornam estéreis

Mas sei que é ali que as palavras repousam dentro da sua importância

E os meus olhos se aquecem na solidão das árvores que procuram o outono

Os dias seguem como pálpebras de tempo transparente

E a superfície das coisas

É uma praia onde lentamente a infância absorve o que resta de mim

Ás vezes aponto para um lugar que fica acima do vento

Calado...sei que o meu corpo ocupa todo o espaço da minha sombra

E que o rumor da mar me trás todas as possibilidades de me dispersar na espuma

Como se me afastasse das coisas sobrecarregadas de memórias

E os dias fossem vãos aromas encerrados em janelas

Leves...como inúteis sopros que escorrem da alma...