Caminho pela tempestade
Caminho pela lenta tempestade da rua
Sinto uma fome impiedosa pelas coisas oníricas
Vagueio pelo vento numa órbita macia
Abro-me às folhas que cobrem os meus estilhaços
Deito-me no espaço que resta da minha alegria
Sou um silêncio sentado nos umbrais das trevas.
Do chão ergue-se o último canto das árvores
Em mim enrosca-se a quietude da névoa
Carrego a minha inércia
Como se me sentasse em todas as lâminas
Que se derretem no sono
Sou o eclipse que ondula pela vastidão das ruas
Sou um vento sem destino
Caibo em todos os momentos puros
E em todos os países
Onde a chuva cresce na face dos homens.