Campo aberto
Campo aberto. Charco da alma. É preciso desacertar o passo e cometer o erro certo. Ser a mancha de côr que ateia a claridade. Ou... a sépia que lentamente desaparece da moldura. Depois temos que recriar o espaço. Dar nomes às coisas que fermentam na nossa imaginação. Inventar inexistências. Recriar primaveras. Rebolar em arestas. Soletrar visões que ninguém mais vê. Perturbar o falso sossego das almas. Criar um mundo de naturezas mortas. E, repetidamente lembrar... que essência das coisas vive nos olhos das crianças.
Viver...e não perceber claramente onde está erro. Avançar na idade. Recomeçar todos os dias. Saber que não há início nem fim. Que todos os dias sobejamos...como casas cheias de vento. Saber que o mar escasseia. Que todo o entardecer nos trás o capricho do sol. Que o inverno nos trás a proverbial angústia. E que a serenidade dos lagos é digna de pena. Posso até dizer que todos gostávamos de ser pássaros. Ou barcos. Que gostávamos de fazer um sublime voo sobre uma sublime paisagem. E depois descobrir...que não há nenhum porto. Nem nenhuma fresta de janela...que nos abrace.