Cancioneiro Joco- Marcelino - Marcelo e as Tágides
Nos próximos dias vou publicar uma série de poemas de Natália Correia, dedicados a Marcelo Rebelo de Sousa, aquando da sua candidatura à Câmara Municipal de Lisboa e que, no fundo, também é uma caricatura da sua actual Presidência da República:
O Marcelo e as Tágides
Marcelo, em cupidez municipal
de coroar-se com louros alfacinhas,
atira-se vagaroso - ó bacanal! -
ao leito húmido das Tágides daninhas.
Para conquistar as musas de Camões
lança a este, Marcelo, um desafio:
jogou-se ao verso épico? Ilusões!...
Bate-o Marcelo que se joga ao rio.
E em eleitorais estrofes destemidas,
do autárquico sonho, o nadador
diz que curara as ninfas poluídas
com o milagre do seu corpo em flor.
Outros prodígios - dizem - congemina:
ir aos bairros da lata e ali, sem medo,
dormir para os limpar da vil vérmina
e triunfal ficar cheio de pulguedo.
Por fim, rumo o céu, novo Gusmão
de asa delta a fazer de passarola,
sobrevoa Lisboa o passarão
e perde a pena que é de galinhola.