Candeeiros apagados
Nada me impedirá de flutuar sobre a paz eterna
Como se fosse um vestígio encoberto
Pois sou feito de uma sibilante futilidade
Que se derrama pela noite imóvel
Onde o meu brilho vago desperta vozes atrevidas
Vozes vorazes e pesadas
Como gargantas enroscadas em gelo
Ou em leitos arrepiados
São minhas todas as possibilidades
Posso vestir todos os andrajos
Assim como são meus todos os fantásticos lábios
Que me pesam no corpo
Liberto-me em convulsões de vómitos gelados
Demoníacos...sinistros
Que me apontam luzes sulfúricas
De um esplendor agudo e pesado...
E que me fazem vomitar distracções
E que me fazem chegar às narinas vapores sufocantes
E sonhos prolongados...
E que me fazem estremecer
Como brasas escorridas sobre água escura...
Porque estou deitado numa cama de presságios
De onde saem rugidos...
Como se fossem agonias de candeeiros apagados...