Caos
Eu sei que o caos se vai abrir em fogo
Sei que nos estretores da noite
As minhas imprecações amorosas
Se vão assustar
Sei que me crivarei de espinhos
E que perderei as penas
Que enfeitam o meu telhado
Mas nada me acalmará
Nem as minhas mãos que amassam o sol
E o transformam numa bola de gelo
Nem a vassoura
Que escondo atrás da porta para vaguear
Nem os tristes copos de cristal
Pelos quais bebo chumbo a ferver
Mas...não renegarei nada
Não me queixarei de nada
Sou o único culpado
Pela minha inocência
Sou o único culpado
De ter quebrado a minha estrela...amaldiçoada
Sou o único culpado
Por ter bebido segredos de sangue
Que me moem como bandeiras ao vento
E ter usado colarinhos
Que me couraçavam a vergonha
Que a tapavam...
Como mãos sobre lábios
Sem espaço para beijos
Mas eu quero beijos
Quero olhos...paz...luz
Quero amores festejados em lagos imensos
Quero noites solares
Quero enjoar-me de ruas e passeios
Onde os passos se precipitam
Num vai-vem ocasional
Quero que os lençóis engomados
Gemam de aflição...se incendeiem
Perante um relógio de pêndulo
Parado de estupefação
Pela da minha incandescência!