Cedências...
Cedo-te o meu tempo e o meu outono
Cedo-te a casca de cada árvore onde impera o meu nome
Cedo-te os segredos do deserto onde o tempo não tem ferrugem
E cedo-te a faca...com que me arrancarás da fome do mundo.
Em cada palavra uma presença
No meio das ervas o meu sono
Na folhagem da carne o meu impropério
Debaixo dos meus dedos...a magia dos afagos
No adormecer do corpo a irrealidade...do sonho.
Não me peças flores nem justificações
Deixa-me viver na flora matinal da luz.
Sinto a alegria a dissolver-se numa flauta de estrelas
Mergulho nos erros entrançados em naufrágios
Como se os meus olhos imaginassem o voo das giestas
E vissem pássaros nas flores entumecidas do esquecimento.
Dos labirintos erguem-se idílicos ventos
Em cada folhagem a solidez da sombra
Se tudo vive na respiração do céu
Também eu vivo num candelabro de contornos impossíveis
Que os meus pés pisam
A minha imaginação desvenda...
E os meus olhos...creem.