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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Chegamos com obscuros olhos..

Chegamos com obscuros olhos..rasgam-se em nós mapas e arquipélagos

Sentimos as palavras que nos alumiam..somos medo e granito...somos segredo

Na brancura dos nossos passos dormitam sombras..mistérios...remotas eras

A vida surge ao nosso olhar como a alucinação dos promontórios

Mares e tempestades assolam a nossa alma...

Os pântanos são planícies feitas de prata suja

Construímos lendas a partir dos sinais que as velas ostentam...

Apontamos o dedo aos martírios...

E descobrimos que dentro da tempestade há um perfume inebriante

Sabemos que pertencer à tribo das constelações é como uma febre

Uma febre que nenhum termómetro assinala

Assim..há que alimentar o nosso rosto com novas paisagens

Há que caminhar pelos dedos dos alucinados...ser a pelagem da vida

E se descobrirmos no canto dos barcos as rotas desconhecidas

É porque dentro de nós ainda vive um sonho inacabado

Um sonho que nenhum mar corroeu...nem nenhum sal desbotou

Sabemos que cada vento trás consigo um poema...

Que cada passo nos aproxima do corpo dos frutos tropicais

Sabemos que o tempo é um agitar de lutos..surdos tempos..doces cantos

Que nos acolhem dentro de um xaile feito de panos antigos..pesados..

Como a noite e a insónia...