Chuva
Deixamos nos dias um rasto de pássaros melancólicos
Como se a nossa vida pertencesse à vastidão da praia onde adormecemos.
Hoje...vi uma luz tocar o tempo...hoje...
Despertei como se naufragasse numa espiral de metáforas.
Na rua...varrida por passos que de tão apressados nem são passos
São pressas de vida presas ao infortúnio das manhãs
São de pessoas que tiram do seu fundo o seu próprio naufrágio
Como se fossem sombras ensolaradas.
Deixemos que a vastidão do silêncio
Ocupe os dias construídos em relógios parados
Deixemos que as horas cresçam dentro de nós
Como florestas de folhas mudas e inúteis
Ou como chuvas que secam as ervas por onde passam.