Cianeto
Sei há muito que nada
Mas mesmo nada
Fará de mim um santo
Nem a minha comédia
De filantropo fugindo ao castigo
Nem o meu rosto de morto-vivo
Nem a minha rota de saltimbanco do eterno
Nada...nada fará de mim um santo
Já paguei...
Já pus e tirei a minha máscara
Já subi do abismo
Já fui o inconsciente que escorraçou o Diabo
E a troco de nada...
Convivi com anjos e demónios
Conheci-lhes as manhas contemplativas
E seube que todos os demónios
São anjos-demónios
Agora...deleito-me
Espreitando as máscaras dos vivos
Deixei de carregar o passado
Como se fosse um castigo
Escorracei a nostalgia
Sou agora um céu apaixonado
Que todos os dias me mostra a caveira
Que carrego como uma lembrança
Do cianeto dos dias
E que todas as manhãs
A tenho que ressuscitar para a vida!