Cisco de lágrima
Cisco de lágrima a rasar o espaço
Brusca tentativa de ser menino
Perfeito interior de mundo que respira
Pela gávea baça do infinito.
Tripulei o tempo
Bebi de rajada a lágrima do orvalho
Fiz um barco-plano
E como um náufrago lancei-me na suspensão das bocas.
Adormeci no interior da minha voz
Arranquei a pele às palavras
Eram palavras-pele que arrepiaram o vento
E se espalharam pelo interior dos poços
Como vozes intemporais.
Dádiva esculpida no interior de uma arca
Mucoso coração de rio aberto ao deslumbramento
Agarro o gancho que pulsa no infinito
Bebo o crescimento da névoa
E sonho tripular a minha nau fendida
Pelo cavo grito que de mim se liberta.