Cisma de Vida
Sopram prantos sobre as nossas vestes rasgadas
Emoções tiradas à força de pulso
Gotas de estrelas cadentes...
Mundos sem defeitos que sepultamos num lamento
Chão...placenta de escuro dia
Queixas que deixamos na sombra...
Como pirilampos brilhando na escuridão da alma.
Nascemos de uma incandescência
Pingamos sobre os dias como estrelas de pranto
Não há nada que as nossas magras mãos possam esgravatar...
Escorre-nos a vida por entre os dedos
Desperdício de poemas soletrados na areia
Queixando-se do corpo que os aprisiona
Poemas sem peso nem sombra
Poalha de vento seco...restos de intimidades
Labor e braços que se sepultam...em abraços
Elegante inconsciência da terra...folha de árvore viajeira...universal...
Cisco de tristeza que se ergue das profundezas...sotaque de cinza
Homem sem tamanho soterrado pela leveza das palavras...
Árvore-homem tricotado pelos céus
Medo da fonte copiosa onde nasce a solidão...
Dança que se desvanece num silêncio sem presente..
Fatal e belo cisma de Vida oculta
Na penumbra...de nós.