Clandestino...
Prometo realizar o meu sonho. Porque eu sou a ânfora do espanto e a consagração de absurdos dias. Nos bolsos carrego clandestinas mercadorias...esses tais sonhos. Debaixo da pele sinto a memória de cidades que não conheço. Minúsculos fogos ateiam-se no meu espanto. São como irreais faúlhas feitas de clandestinos mares. Onde quer que vá...sinto o que de grande há em mim. A alma...possivelmente. Percorro as ruas em verdadeira liberdade. Passeio os meus estilhaços. E nas abóbadas dos suicídios vejo estreitas faixas de pessoas desertas. A minha matriz é o mundo. A minha evasão é o voo dos pássaros nocturnos. A minha consagração...a indolor ferida das flores.
Vagueio pelas impolutas frestas da inércia. Nasci de um eclipse letárgico. O meu parto foi a repetição perfeita de uma ordem antiga. No entanto...carrego em mim o desalinho e a liberdade das órbitas estelares. Sou criança e memória. Foto longínqua. Perfeição de grito e angústia escavada na sede dos desertos. E prometo rasgar a página. Sair de casa. E embarcar em líquidos horizontes...