Claridade
O céu está cheio de vozes
E de bocas encostadas
Ao interior das idades sem sombra
Das nuvens caem pingos de aguarelas coloridas
Que acompanham a paisagem
Dos pés descalços sobre a terra negra
Pés que pisam a eternidade sombria
De uma alegria desprezada por um coração cego
Porque foi testemunha de um encantamento irresistível
Que se fez passar por uma sílaba fechada
E se transformou num glaciar de luz delirante
Com uma sonoridade e uma doce harmonia
Que até os bosques cristalinos
Oscilaram sobre sua crueldade
E dá pena que os choros os contemplem
E que de noite
As nossas sombras emerjam nos pálidos lagos
Como verdadeiros corpos perfumados
Por um incenso desconhecido
Capturado numa floresta de sonhos
Quando o amor embelezava a tarde
Que morria serena...numa claridade morna.