Coisas transparentes
As pessoas não se veem
As pessoas pressentem-se nas palavras que escrevem
As pessoas sentem no frio de cada letra
O calor da transposição da distância
A comunicação é um sobressalto de mastros
São os navios que vogam nos silêncios escondidos
Almas de vozes que não se ouvem
Alucinações de noite e poesia
Gestos brancos e jardins floridos.
As pessoas são milagres que chegam à nossa costa
Trepam às nossas falésias como aves de areia
As pessoas renascem nos nossos tumultos
E nos nossos murmúrios
São tectos de mundos cosidos à nossa alma
São bosques milagrosos que nos encantam
Paisagens fantasmas que percorremos
Com a nossa longínqua letra
Desejando-lhe que sua a vida dure mil anos
E os dias transbordem com o amor das coisas transparentes
Que nos surpreendem...sempre!