Nos últimos tempos, com a inflação a levar a um aumento  de preços, todos, sem exceção, estão a adaptar-se à nova realidade económica. O consumidor médio? Esse já deixou de ser fiel às grandes marcas e agora só acredita nas marcas brancas e nas promoções que lhe fazem sentir que é rico, mesmo quando tem o orçamento de um estudante universitário. As empresas? Também estão a dar o seu jeito, adotando estratégias criativas para reduzir custos de produção e manter os preços… mais ou menos inalterados, como quando tentam arranjar desculpas para aquela pizza que agora vem com metade dos ingredientes.

No meio disso tudo, algumas marcas, como verdadeiros mágicos de baixo orçamento, começam a brincar com a qualidade, substituindo ingredientes e materiais por versões mais baratas e de menor qualidade – tudo sem que o consumidor note, claro. Este fenómeno tem um nome sofisticado, mas que ninguém esperava ouvir: “Cheapflação” (ou "Cheapflation", como querem que soemos cool e que traduzido à letra significa inflação barata ou qualquer coisa como isso). Parece até algo que poderia sair de uma comédia de economia, mas, infelizmente, é real.

A “Cheapflação” nasceu no final do século XX, como uma invenção dos fabricantes que, em tempos de crise, decidiram fazer aquele truque de mágica que é trocar os bons ingredientes por alternativas mais baratas, sem sequer trocar o preço ou a embalagem. No fundo, o truque era simples: vendemos a ilusão de que você está a pagar o mesmo preço, mas, na verdade, o produto perdeu qualidade. Ah, o capitalismo criativo!

Claro que, no fim, quem sai sempre a perder é o consumidor. Recebe aquele produto que, antes parecia ser o "Rei da qualidade", mas que agora não passa de uma versão mais fraca, com menos quantidade, e o mesmo preço e que continua a ser o "Rei da qualidade". É quase como uma promoção de "compre, mas leve menos". E não pensem que isto é só nos alimentos! No setor têxtil e até na eletrónica, o pessoal também anda a brincar com a durabilidade, trocando componentes de qualidade por uns mais baratos, e acreditem, até o "Wi-Fi" do telemóvel parece que anda a ser afetado.

É o caos da "Cheapflação" — o preço continua igual, mas a qualidade? Bem, essa... já era!