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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Como adquiri a minha máxima de vida...

Quando era miúdo ia passar as férias escolares para uma quinta de um tio meu, era uma propriedade com duzentos e vinte hectares um casarão enorme, que uma empregada interna( ao tempo dizia-se criada de servir) administrava. Por vezes aos fins de semana vinha um amigo dos meus tios, o Sr. N... vinha ele, a mulher e a filha, uma médica solteirona, que não se queria casar. Vinha no seu Benz, que era a forma como ele se referia ao carro, jamais pronunciava a palavra Mercedes, talvez fosse uma palavra demasiado plebeia para ele...era o seu Benz. O Sr. N.. tinha uma loja na Baixa negociava em artigos para a arte equestre, era um homem alto, de porte aristocrático, grande contador de histórias, era uma delícia ouvi-lo, o meu pai dizia que ele inventava um bocado, mas isso ainda lhe dava mais encanto. Num dia de verão muito quente estava eu com ele na adega, que era um local mais fresco, falávamos já não sei de quê e ele diz-me: - Joãozinho, (eu tinha cerca de oito anos) lembra-te disto, um homem ou é um homem ou um monte de merda...olhei para ele embasbacado..UAU o Sr. N...tinha dito um palavrão, a mim, à minha frente, que grande confiança ele tinha em mim, guardei aquela palavra como se fosse um tesouro, eu que pensava que as pessoas finas não diziam palavrões, mais, pensava que elas nem sabiam dizê-los...mas a verdade é que adoptei a máxima que ele me ensinou e acho isso mesmo “ Um homem ou é um homem...ou um monte de merda”.