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folhasdeluar

folhasdeluar

Como amores que nunca se revelam...


Bebi-te até ao delírio...saqueei o teu jardim...debrucei-me sobre as tuas flores...


A terra misturou-se nos corpos...as pétalas eram doçuras primaveris...


E tu eras um pequeno ramo que eu colhi...um perfume que aspirei...uma flor rodopiante


Como foi possível navegar naquele lago..naquelas graciosas águas coloridas pelas aves


Naquele inebriante acenar de folhas friorentas...ternuras de cais distante...


Disparates de jardins que brilham perante os olhos esfomeados... por mais corpo


Terão as folhas secas perdido a felicidade da verdura? O viço assombrado do prazer?


Tudo se mistura numa doçura de arvoredo friorento...de casca tumultuosa...de coração profundo


Das raízes brotam ribeiros refrescantes...insondáveis...vivos...


Águas que se oferecem como amores imperdoáveis...amores de um azul opaco..irreflectido


Pelas veredas desertas assustam-nos repuxos gélidos...lágrimas de folhas mortas...


Como amores que nunca se revelam...que nunca dizem quem são...


Que se limitam a ser melodias intransponíveis...céus pálidos mas intensos...


Instantes baços...ardentes...carinhosas sombras que se refugiam nos ventres das nuvens


E fogem cantando cristalinas e róseas árias aos dias encobertos...


Podem morrer de melancolia...podem escutar as águas...mergulhar nos ribeiros....


Mas nunca serão mais que um mero e cinzento instante de perdição!