Como num sonho
Como num sonho
Carrego a memória de um pássaro
Que voa sobre o vazio
Das asas pendem pequenos cristais de sal
Lágrimas translúcidas...desvanecidas tardes
Sei que ninguém gosta da impotência da escuridão
Nem dos rios que transbordam
Mas tu deslizas sobre o vento
Deitas-te ao lado das folhas húmidas
És uma uma voz
Podia descer contigo pelas veredas
E passear por entre as tardes amenas
Apanhar banhos de sol
Nadar num lago feito de maresias
Ser a tua pele...sermos a tua pele
Mas a vegetação cobriu-nos
O vento atordoou-nos
Uma parte de nós despenhou-se na bruma
E a ilha que queríamos alcançar desvaneceu-se
Resta-nos a melancolia de um fantasma
Uma dor que se sente só
Uma água branca
O nosso riso rodopia agora
Num infindável poço
Onde os gemidos da água sopram inertes
Mas onde se ouvem repicar os sinos
E as nossas vozes falam
De passados arquejantes!