Como por magia...
Por ali seguiu aquela infância...
Cheia de um passado incumprido
Ali está o jardim embaciado
Onde o asfalto fala de sonhos e de países
É pesado o respirar dessa infância
Que se transporta como uma fissura nos dias.
Há lugares onde a carne é uma nascente de gritos
Há um barco cheio de uma sorte que adormeceu no lugar onde caímos
Dói-me o rumo das portas e o peso que trago nos bolsos
Dói-me o riso dos recreios onde voei como pássaro sem dor
Agora...este invólucro onde me sento
É uma parede branca...uma planície de aflitos.
Bebo os pecados...convivo com gestos simples
Desejo outras terras onde escreva...riso e primavera.
Só quero que os anéis solares se entrelacem no meu corpo
E que todas as dores adormeçam numa letargia de luz entreaberta
Mas há o vento a soprar na confusa tarde
Há ilhas que os mapas esqueceram
E palavras que se bebem junto com sono
Mas falemos de noites e de salgueiros
De luzes que brilham no profundo escuro da água
Onde todos os movimentos cessam
E todas as madrugadas se calam...
Como por magia...