Como se fôssemos apenas Lua Cheia...
Não me quero salvar porque há aqui muita beleza
Não me quero salvar porque há aqui muitos regatos
Não me quero salvar porque há aqui muitos sussurros
Não me quero salvar porque...não há aqui muita solidão.
Chega de estrelas nascendo nos degraus molhados
Chega de conchas navegando na onda que apita ao ouvido
Chega de corpos voluptuosos e atmosféricos
Que lentamente chegam a terras desconhecidas.
Chega de aquedutos que vão dar ao exílio
Chega de exílio e de brisas silenciosas trazidas pelos aquedutos
Chega de horas magras e desfiguradas pela eternidade
Essa eternidade silenciosa que reconhece no céu... o silêncio
Essa eternidade exilada na demora em ser...eterna...
Que bonito é o mundo das coisas estranhas
Das rochas escavadas pelo passado..minadas de nostalgia
Das cascatas com limos escorregadios e acidentais
Das visões que culminam na plenitude de um rosto fechado...
Embalado...pronto a ser pesado...selado...
Que bonita a partilha dos grandes espaços
Que bonitas as colecções de quadros de ponto cruz...crucificado...
Que feios os restos ocultos da luz turva e cheia de enigmas preciosos...
Como se à luz turva... dessa luz...
Fôssemos apenas Lua Cheia...
Que não perde tempo a iluminar os seus dias!