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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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Conto de Natal#3 - Os filhos

Estava uma noite de névoa e frio. As árvores descansam dos afazeres do outono. É inverno. Perto da casa de pedra um ribeiro corre devagar. Da chaminé solta-se uma réstia de fumo. Lá dentro, uma luz trémula, vaga e amarelada alumia o escuro. Um casal de velhos está sentado junto à lareira. Estão calados. Cada um nas suas cogitações. Houve um tempo em que risos de crianças alegravam a velha casa. Eram pobres mas felizes. As paredes negras de fumo também não ajudam a aliviar as memórias. Ele vai bebendo vinho, ela aconchega o xaile nas costas.

- Não deixes o fogo apagar-se – diz ela

- Tenho que ir buscar mais lenha – responde o velho

E ali estão, longe do mais longe que existe. Os filhos são agora apenas memórias que eles visitam. Todos partiram para o estrangeiro. E o fogo que os aquece é a única coisa parecida com o amor dos filhos, que apesar de serem uma longínqua memória solitária, estão sempre presentes . Um quente e um frio, metáfora de vida.

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