Corpo nu
O corpo que se esconde do olhar nu
O breve espaço do vazio
Côncavo ardor do beijo que se solta
Toalha de luz que suaviza a distância
Súplica do corpo livre...queda vertical
No chão nos desfaremos
Nu cúpula das árvores o vértice do exílio
Solidão anónima...filtro de sonho efervescente
O silêncio da montanha
Água e terra veios moldados a fogo
Duríssimo fluido escorrendo da noite escura
Outro som nasce do sono das algas
Outra abóbada pousa no cansaço das estrelas
Nada resta dos vincos da noite
Apenas o sopro de certas palavras
Alumia essa noite húmida
Essa magra lâmina que corta os olhos
Subitamente um galo corta o silêncio
E todas as dores se tornam brancas
Como se por debaixo da pele
O corpo permanecesse nu de todas as coisas.