Crença...
Nos olhos um astrolábio de cores garridas. Na alma a memória de um minúsculo céu. O espanto espreita por detrás de clandestinas árvores. A morte é uma pele que se arranca da carne. Nas abóbadas cresce a matriz da vida. E nós...de mar em mar. De absurdo em absurdo. Escondemo-nos por dentro de cortinas ridículas. Fechadas. Até que nos chegue o caruncho da noite...e adormeçamos...numa maré de fé que se vai extinguindo.
Vivemos suspensos numa anémona de esperança. Descobrimos os ângulos viscosos do sol. A luz entontece. Somos irrisórias lâminas a cortar os dias. Estátuas rasgam-se debaixo dos nossos passos. Fendas abrem-se nas nossas mãos. Arranjamos desculpas. Ténues equilíbrios de quem quer passar sem que alguém o veja. E há uma equação em cada telhado. Uma árvore em cada perdão. Um assumir de culpas em cada equinócio. Febris...afogamo-nos em segredos e em ventos. Suspensos num mastro de velas fendidas...enfrentamos o desafio de sermos. De vivermos. Colhemos flores em goteiras de medo. E enfeitamos os corpos com horizontes longínquos. Somos barco e âncora. Estátua e artéria. E possuímos...na longitude da alma...a crença em....nós!