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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Cromática sombra...

Nasci num incandescente rio...

Peixe sentado no ventre da Mãe...

Gota de escuro...corpo soletrado...

Sotaque de bosque que devora as sombras

Sou a voz que se separa do sangue...

Como uma gota de areia sentada numa flor seca

Visto-me com o tamanho das palavras...

Dobro-me sobre uma viagem sem destino...dor e ventre

Enrolados numa enorme alma que tomba sobre os últimos raios de sol...

Vejo o sangue correr...

Escuto o medo a tombar de dentro de mim...como uma folha seca...

Choro de estrela viúva...

Alecrim criado num tempo leve e calado...aromático..

Cromática sombra de cedro despido...

A imitar um viajante sem tecto...

*

Na secura da alma devorada...

Ergo-me...ergo-me como um presente desperdiçado...

Sei que os céus me protegem...

E não me importo com o que irá sobrar dos meus magros dias...

Sou o voo de um pássaro sentado numa réstia de sonho...

Como um bicho que devora a solidão

Levanto os olhos e vejo mil sóis...todos me esperam...

Escoando a sua luz no meu caminho...

Alumiando as minhas impurezas...

Como uma água feita por anjos que nasceram só para mim!

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