Da névoa desceram as brancas areias...
Naquele dia o nosso silêncio ficou parado sob a folhagem do oásis
Havia calor e os barcos mergulhavam as proas em brilhos e firmamentos
Da névoa desceram as brancas areias...inocentes chuvas caíam sobre as palavras
Molhavam as sílabas que se dispersavam por todas as partes do nosso corpo
Um amor fugitivo brilhava-nos nos olhos...atravessámos a tempestade...
E mergulhámos na folhagem coberta pela poeira do tempo que se ria de nós
Estranhamente recolhemos pequenas pedras que caíam do espaço
Eram pedras solitárias..abandonadas pela dispersão do infinito..
Tal como nós ...não tinham casa nem lugar onde mergulhar os séculos que as possuíam
Talvez aquelas pedras fossem anjos itinerantes...soberanos ao olhar dos deuses
Insensatos como um banco de jardim onde depositamos a nossa pobre pele
Mas era o destino..o capricho do mar...
A emoção que nos penetrava era como uma planície iluminada por um amor sem tempo
Calámo-nos...fugimos...sabíamos que o destino estava coberto de poeira
Sabíamos que haveria um regressar ao vento que cobre a madrugada
E leves...leves como provisórias vidas...
Dispersámo-nos pelos seios enternecidos da manhã...