Densa pedra
Densa pedra anunciando o duro poente
Fecho o olhos neste cerco de espaço e cal
E paro...escondido num descampado de fantasmas
É como se as flores não existissem
E eu ouvisse o eco dos teus olhos
A caminhar nos recantos cruéis do silêncio.
Caminhos abrem-se...secretas plumas a doirar paisagens
Oblíquos mares perpetuam-se nas praias
Suspensos reinos tremem no frio da raiva
E eu reinvento madrugadas...
Como se crescesse no meio de um mistério.
E o frio se quebrasse na minha aura de cristal
E fosse a minha eternidade.
E de repente há um muro que me envolve
Uma teia de fios entrançados em violinos
Um pulo de seda cobre os olhos raiados do meu sono
E o sémen da espera treme no bafo dos espelhos
Como qualquer coisa que cai na parte desconhecida de mim
Como dois raquíticos jardins ensonados
Como uma porta disforme que se abre para o antro das brumas
De onde ninguém volta...
Como se fosse feito num dialeto de auroras boreais
Continuarei suspenso nesta minha forma de nascer todos os dias.