Dentro de mim há um rio
Dentro de mim há um rio
Onde o peso dos dias aflora como um caminho estreito
Dentro de mim há uma sombra
Que se desprende da frescura da minha alma
Dentro de mim há um sol
Que se refugia na lonjura dos pensamentos
E se esquece do tempo onde é preciso modelar o barro dos dias
Tudo se amontoa em mim
Como restos de um tempo sem medida.
Dentro de mim há um escuro
Que me encobre como uma neblina feita de séculos
Em frente a mim há toda a estética de uma alegria pura
Em frente a mim empilha-se o deslumbramento da vida
E traço um risco na luz
E faço uma aliança comigo
E descubro na verdura do mar
A fúria única que une a paixão à vida.