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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Desconstrução

O mundo continua ali..apodrecido na solidão dos corpos

Espesso mundo feito de alegóricas máscaras...

Como um imanente vendedor de dias tirados a ferros

Cheiro amargo... respiração de animal retesado exalando fumo de cannabis

Nem a beleza da ignorada noite...nem a fecundidade pródiga dos Deuses

Nem a sombra fingida das palavras

Que caem das manhãs como frutos incandescentes

Nos dizem que somos a desconstrução do espaço

Que somos o sussurro destroçado da angústia

Que somos a caminhada no jardim asfaltado das fotos inquietas

Que somos a praça nostálgica onde vendemos sorrisos de lata

Que dentro do nosso triângulo de rostos felizes...se desenham ruas e lugares

Rusgas de olhos côr-de-violeta a desdobrarem-se pelas escadas longas do azul

E os rostos...sentados nos bancos de pedra lisa e fria...

A quebrarem-se de encontro ao nosso corpo...a soletrar obscenidades

De braços caídos a mostrarem-nos graffitis de nojo e pó

A ensaiarem passos de uma dança esquizofrénica...

Como ressurreições de Cristos desatentos aos pulsos da vida

E as ausências dos oráculos...e os deuses a bailar por dentro das tempestades

Limpidez e espanto..solene aspereza da brisa...fogo encantado

Rio que caminha por dentro de uma floresta nostálgica

Bebes o secreto descanso da alma..alameda de instintos sombrios

Anel de bosque entrelaçado em ti...e sempre as veias assombradas a pedir mais

Mais de ti..mais de mim...a surgir na secreta brisa dos teus lábios.

A tactear a desordem natural dos espelhos

Até que adormeces... na orla encantada do dia.