Destinos
Sou uma gota...um rosto que bebe o mundo...como quem desembrulha uma prenda
Sou um Tempo... que não tenho...um grito deambulante pela cidade vazia....
Sei o nome das pedras...escuto o infinito...pinto-me de luzes condenadas...
Não cabe mais ninguém em mim...estou cheio como uma luz grávida...
Ou um destino que cresce em vagas sobre a saudade de um riacho...
Bosque impregnado de sombras luzidias balançando sob os plátanos...
Sou a dança de luz ...vazia ...agitando-se sobre a poeira...
Pés marcados na cinza do caminho...escuro...segredo de sombras espessas...
Rio de habitantes alados...que desconhecem o balancear dos corpos em transe...
Corpos que se desvanecem sem ruído...que se perdem na floresta inumana...
Ornamentados de escuros cetins...como cascas de árvore vestindo um espírito magro
Vogando a favor da corrente...foz de monstros...paz espezinhada na sombra do chão...
Que caminha sobre o orvalho de um Tempo...feito de histórias e embriaguês...
Obra de medos que nos carregam...como cântaros de sonhos sobre a cabeça...
Alucinados festejos...roupas rasgadas...magros meses encharcados de dúvidas...
Cuspo que engravida as mãos calosas...gastas...esparsas...
Como um lugar secreto por onde os corpos se amam e o amor escorre!