Dias poéticos
Lembro-me dos poéticos dias
Em que a minha alma percorria as estradas da harmonia
Lembro-me das vastas noites de alquimista
Em que transformava o futuro sem horizonte
Num trote fogoso
Que se diluía numa felicidade de horas frescas
Ou numa vertigem transbordante
De um mar onde as ondas se riam
E se desfolhavam em emanações radiantes
Que compartilhávamos exaltados
Em que a perfeição do amor
Era apenas um aroma exalado pelo coração
Que me mostrava a vida
Como uma fantasia cheia de encantos
E as noites se pegavam aos dias
Como se fossem um só sonho realizado
Lembro-me dos poéticos dias
Em que trepava pela esperança do sonho
Seguindo a torrente da ilusão
E como uma criança empoleirada numa colina
Me deslumbrava com o vale florido dos dias
Que envolto num nevoeiro denso
Não me deixava avistar a aldeia do desprazer
Ah futuro sonhado
Por uma esperança transbordante de ruas vulgares
Ah imperfeição ardente da melancolia
Que nos murcha os sonhos
Deixai-me lançar amarras
Deixai-me velar o sono dos beijos
Deixai-me ser aquele
Que a natureza reconhece como seu filho
Deixai de querer atribuir-me sonhos
Que já não posso realizar
Mas fazei de mim aquele
Que pode colher as lágrimas
Que o teu rosto chorará....