Digam-me...que estou aqui...
Caminho pela lenta tempestade da rua...sinto uma fome impiedosa pelas coisas oníricas
Vagueio pelo vento como uma órbita macia...abro-me às folhas que cobrem os meus estilhaços
Deito-me no espaço que resta da minha alegria...como um silêncio sentado nos umbrais das trevas
Do chão ergue-se o último canto das árvores... em mim enrosca-se a quietude da névoa
Carrego a minha inércia como se me sentasse em todas as anémonas que se derretem no sono
Sou o eclipse que ondula pela vastidão das ruas...como um vento sem destino
Caibo em todos os momentos puros...em todos os países onde a chuva cresce na face dos homens
Areia emancipada...flor de lar longínquo..efémero despertar de astro extinto
Digam-me que o tempo não tem idade...que o perfume se desprende das areias
Digam-me...que estou aqui...