Dilúvio
De longe chegam-me os ecos da noite...ruas crepusculares...tímidas palavras
As lágrimas há muito tempo se quedaram dentro da primavera
Anos de coral afloram pela cortina lenta dos dias
Sei de cor o nome das tempestades...
Conheço a vida que se cruza comigo em cada esquina
O mundo silencioso das ramadas em exaustão atinge-me dentro do peito
Forte... assim ...como um aluvião de sentires...
Como um prolongamento do canto minucioso das águas
Ou um nevoeiro que se ergue nas encostas escarpadas do rio
Relâmpagos de infância cruzam os ares
As mãos são raios de luz que crescem em desmesurados ângulos rectos...quebrados
Como coisas sem importância...como suspensões de vãos ocasos...lentos...perdidos..
Na forja milagrosa da manhã..na palidez da ventania...
No dilúvio de ser apenas... aroma de gente...infinita...