Disputarás o ocaso das mãos...
Quando sentires que dentro do trigo há um itinerário de vida a desfilar pelos olhos
Quando os teus passos cautelosos se escaparem por entre os nós dos teus pés
Quando reclinares a cabeça sobre a velocidade do mundo
Quando das casas se erguerem fontes onde cantam estrelas
Disputarás o ocaso das mãos...percorrerás as ruas palmo a palmo
Serás como a magia de uma boca envolvida numa nebulosa nostálgica
Serás como uma gramática do solstício alheado das penas da dúvida
Onde irias se a luz e a brisa te saudassem com pétalas de tempo florido?
Como quebrarias essa ilusão de ser corpo e alma dentro de um saco de pano roto?
E se as dores da madeira cansada de arder em fogos alheados dos homens
Falassem ao teu vento de cântaro dorido pelo doce embalar da água
Serias a porta que se abre para a proa imensa dos rostos felizes?
Ou serias a saudação da parte de ti que se eleva perante o azul abandonado do tempo?