Distância...
Não sentes tu também aquela explosão atípica? Aquele pasmar vidrado das coisas que não podes saber? Não sentes tu também aquela vontade de trepar à mais alta vontade? De ser árvore ou renascer num qualquer campo dourado? Queres acreditar que o punhal que te fere é aquele que te ergue. Que uma cidade é uma sucessão de sombras. E que é impossível saber onde nascem as verdadeiras pessoas. Amanhã talvez sejas feliz. Amanhã talvez não sejas mais que um passo cansado. Ou uma canseira de prestidigitador. Afasta-te das horas. Do vácuo. Dos fantasmas. Pequena é a tua sombra...e vastas as noites de insónia. Se ao menos deixasses cair os braços. Se ao menos aprendesses a cair de bruços sobre a tristeza. Talvez assim a esmagasses debaixo da tua vontade da caminhar. O que sabes é que o futuro é uma fragilidade. Que o mundo não se explica sem olharmos os outros nos olhos. E que a respiração é apenas a anónima distância que nos separa...da vida ...e da morte.