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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Distâncias

Nos dias em que o dia se torna na nossa cela

E os minutos são pombas a voar sobre gestos bruscos

Nos dias em que as árvores morrem

Sobre as pedras febris..queimadas

Por um penoso sol que se derrama

Como insustentáveis flores brancas

Nesses dias sabemos que somos sempre o mesmo

Sabemos que não temos idade

E que temos todas as idades

 

Como uma pedra sem brilho

Ou um calor de rachar

Somos esse calor que vem do princípio de tudo

E que se derrama sobre nós de costa a costa

De brisa a brisa...

Como um pátio que se iluminasse

E do escuro nascêssemos

No planalto onde residem os nossos desejos

 

Febris e inconstantes

Como uma pele transparente e sonolenta

Ou imóveis como um mar parado sobre um chão desumano

Porque das nascentes de águas gritantes

Sai poeira que cobre o nosso corpo ansioso

Então..mergulhamos a pique

Nesse brilho triunfador...nesse silêncio imóvel

Nessa respiração abafada

Porque simplesmente já não sabemos respirar

Já somos o cabo sem esperança..boa ou má

Já somos como uma flauta sem orifícios

Com o som sufocado pela areia ofegante

Que nos cobre os olhos

Como se fôssemos simples danças azuis

Ou como se fôssemos uma geada de fogo

Atiçada pela crista das ondas

Que nos submergem em dóceis delírios

Em canduras de criança

Em abafados e esquivos amores

A que chamamos distâncias...

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