Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Divago...

Passar para o outro lado do mundo...esvoaçar

Limpar as memórias como quem esvazia um sótão poeirento

Atirar ao ar essas réstias de memórias velhas

Em suma...mergulhar num espaço onde o futuro desistiu de ser futuro..

 

Sobra-me a noite balbuciante...sobra-me a sede

Mas às vezes ainda sinto a vontade de correr desordenadamente pelas ruas

Como se fugisse dessas ruas que vêm ao meu encontro

E dentro de mim se partisse a vontade de ficar imóvel

Num lugar onde nada acontece...

 

Transporto comigo as madrugadas e o som límpido dos naufrágios

Reencontrei a nesga de luz que me leva de encontro aos desertos

Ondulo...numa teia de caos e satisfação

E às vezes ainda me sobra o tempo...para espreitar o azul cálido da tarde

Onde me desfaço...corroído pela erosão cinzenta do tempo...

 

Todo o meu eu está coberto por sulcos de vidas passadas

Seara de trigo...onde o joio se implantou...frio e inacessível

Se eu pudesse fixar os olhos na distância dessas vidas

Quebraria as sombras que imergem dos contrafortes dos dias

Como quem se ampara a um sonho...ou a uma alterosa fome de ser outro...

 

Divago...

Sei que as aves se dispersam pelas margens

Há nódoas de sangue nas fotografias

A minha cabeça flutua na ponta de uma pesada tristeza

Qual lança de terra a sugar-me a alma...

 

Sento-me no sopé de qualquer montanha que me apareça

E ali fico...imerso na minha vontade de adormecer....