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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Dobra-se dentro de mim o cheiro dos dias

Dobra-se dentro de mim o cheiro dos dias em que dormias silenciosa

Deixaste os teus passos espalhados pelos recantos complexos do meu pensamento

O teu aroma era a vida...e nos olhos do chão...

Estava a cama onde desafogávamos as fragilidades do corpo

Ainda há um odor a vaguear pelas frinchas da casa

Ainda há uma caleira que pinga saudades de um tempo que não espera por nós

Na rua ainda sinto um rumor a falta de ti..como se o ar estivesse empestado pela tua ausência

E na fragilidade do espaço da minha memória...

O teu corpo adormecesse na flor que enfeitava a verdade que não existia

Sei...que em todo o lado estava o teu olhar

Sei...que as mais belas cores vagueavam pela tonalidade lenta das minhas mãos

Sei que estavas onde os meus braços estavam

E agora...visito a tua presença dentro de um caderno feito de espaços

Visito a tua vida nas lacunas brancas de onde nunca saíste

No futuro serei a incoerente memória de uma aventura sem limites

Serei a tese matemática da imperfeição de um tempo insalubre

Como se houvesse um desequilíbrio nas personagens que fomos

E que agora amontoamos ao canto do esquecimento

Como roupa despida por mãos invisíveis..e parcas...