Dormes no meu peito
Toquei na tua imagem com os meus dedos imperfeitos
Nos teus subterrâneos matei a sede
Aconcheguei-me nas flores
Abandonei-me num canteiro de narcisos...alucinei
Cheguei ao íntimo grito das veias
Desejei ser um fogo branco...um cometa excessivo
Abalei pelas veredas ladeadas por plátanos
Ardi na noite..incendiei-me ...iluminando-a
O silêncio era sepulcral
As memórias eram infinitas
A vida é um excesso.
No hálito do nevoeiro viajam amendoeiras
Flores cor-de-rosa...anéis incendiados
Deita-te comigo...
Deixa que as giestas durmam...
Não resistas ao fogo que é imenso
Os corpos perscrutam a noite e os espelhos
O quarto é vermelho...a cama é negra
E o desejo é uma fúria que arde nas candeias
Que apaga as estrelas...que grita às algas
E os corredores esquecem-se das portas
Empurram-nos para os quartos...insónia
Na estante a jarra floriu
A alucinação atravessou a noite
E tu...dormes no meu peito!